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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Será que me tornei viciado em Trabalho [workaholic]?

Comportamento
Um 'papo amigo' sobre emoções, sentimentos, autoconhecimento, autoestima e psique
Será que me tornei viciado em Trabalho [workaholic]?
"O vício em trabalho pode ser atraente ao impedir a experiência das próprias emoções"
O trabalho em excesso muitas vezes tem inconscientemente o intuito de não ter tempo para pensar. O vício em trabalho mantém muitas vezes as emoções dolorosas afastadas da consciência, ou seja, pode representar uma fuga das emoções mais profundas.
É como uma droga, onde são necessárias doses cada vez maiores para se alcançar os mesmos resultados e, como todas as drogas, não consegue mascarar a dor indefinidamente, ainda que a princípio ninguém assuma a presença de alguma dor.
Para muitos é um total absurdo sequer pensar que o trabalho excessivo possa ser um sinal de que esteja fugindo de algo. Não podemos negar as responsabilidades assumidas, as contas a serem pagas, a competição acirrada nos grandes centros comercias, mas tudo deve ter um equilíbrio. E quando a atenção está voltada muito mais para apenas uma área da vida é preciso reavaliar tudo.

Também não me refiro a uma fase da vida em que é preciso conciliar trabalho, faculdade, vida pessoal, onde a sobrecarga é inevitável, pois está em fase de preparação para uma vida.

O vício em trabalho pode ser atraente ao impedir a experiência das emoções. Um workaholic passa de um projeto a outro, ou até de um emprego para outro, sem nunca parar e analisar se é mesmo o que quer para si. A compulsividade é tão intensa tanto em um projeto, como em qualquer outro.
Trabalha durante horas, sem interrupção, não apenas para concluir um projeto como acredita, mas para se anestesiar. Quanto mais trabalha, mais precisa trabalhar. A única emoção experimentada é a satisfação temporária que surge com a conclusão de algum projeto, que é logo substituído pela necessidade de realizar alguma outra coisa. Mesmo apesar do cansaço, da fadiga transformando-se em exaustão, estresse, correndo o risco de adoecer gravemente pela sobrecarga, não consegue parar. Trabalhando exaustivamente não há tempo para pensar sobre outras coisas, e principalmente, não há tempo para sentir.
Pode atingir tanto homens como mulheres.

Os homens em geral se afastam da família, esposa, namorada e filhos. Tudo que possa representar emoções ou entrar em contato com seus verdadeiros sentimentos. Ir para casa cedo e se deparar com uma mulher que irá cobrá-lo por sua ausência ou que quer conversar sobre a relação, poderá fazê-lo entrar em contato com o significado de manter o casamento, assunto o qual não quer falar. Afoga-se em trabalho, chega mais tarde para não ser confrontado e o círculo vicioso se mantém.

O mesmo acontece com mulheres, independente de terem uma carreira profissional. Umas trabalham fora e em excesso, outras se ocupam dos cuidados com os filhos, a casa, a ponto de esquecerem que há um casamento, uma vida em comum, uma vida própria, esquecendo-se de si mesmas. A fuga para o trabalho, seja criar os filhos, ficar até tarde no escritório diariamente, sair de um trabalho e entrar em outro, pode ser o seu jeito de permanecer na escuridão de seus sentimentos, pois a atividade excessiva impede de pensar sobre o que sente, pois nunca há tempo para isso.

Quem acorda às seis horas da manhã, toma banho, leva os filhos para escola, vai para academia, depois para o trabalho, onde começa uma reunião atrás da outra, e quando bate uma fome pede por telefone um sanduíche que irá comer no mesmo local. Afinal, não há tempo para se alimentar, quem dirá para ligar para casa, saber se todos estão bem e ainda correr o risco do outro lado da linha alguém contar algum problema, nem pensar! Depois que a maioria das pessoas no escritório vão embora, ele continua. Ir para casa e encontrar todos acordados? Ou mesmo quem mora só, ir para casa e ficar sozinho com os próprios sentimentos? Ter silêncio suficiente para ouvir sua própria voz?

Para não se correr nenhum risco, o melhor mesmo é ocupar o tempo, o máximo que for possível, fazendo de conta que se está seguro (a) enquanto trabalha, seja com as necessidades dos filhos, da casa, fazendo de cada tarefa uma exigência urgente a ser cumprida, tendo a certeza de que realmente estará seguro (a).

Do quê? Para evitar entrar em contato com as insatisfações que algumas das áreas de sua vida proporcionam? Para não enfrentar a dor que determinada situação está lhe causando?
Se suspeita ou tem certeza que é um compulsivo no que faz, pergunte-se:
- Minhas atividades/projetos são mais importantes do que as pessoas que amo?
- Nunca tenho tempo suficiente para fazer tudo que preciso?
- Sinto que tenho que estar envolvido em alguma atividade o tempo todo?
- Mesmo cansado, não me permito parar?
- Fico impaciente sempre que sou interrompido?
- Será que minhas atividades estão encobrindo algum sentimento?
Se responder sim a qualquer uma das perguntas acima, explore melhor seus sentimentos em cada área de sua vida.

- Como está sua vida afetiva? Está próxima de como gostaria que estivesse? O que tem feito para isso? Há quanto tempo não conversam sobre o relacionamento ou expressa o que sente verdadeiramente?

- Está sozinho? O que isso representa para você? Tem aproveitado esse momento para elevar seu autoconhecimento e fazer mais coisas por si mesmo?

- Está trabalhando no que gosta?

- O que tem feito por você e por aqueles que ama?

- Tem tido tempo para dar um telefonema no meio do dia para saber como estão ou só para dizer a alguém o quanto ama?

Depois de toda essa reflexão é bem provável que perceba que nem tudo está como gostaria que estivesse, mas é preciso ter consciência que enquanto continuar fugindo, tudo permanecerá como está e nada mudará. Se for assim que quer passar os próximos anos de sua vida, mantenha tudo igual. Mas se dentro de você algo lhe clama por ser mais feliz, pare de fugir, permita-se ter mais tempo para saber o que sente e por que sente. Perceba que sua vida pode ser muito mais do que se envolver em atividades de modo compulsivo. Quanto mais fugir, mais estará adiando esse momento.


por Rosemeire Zago

 
Rosemeire Zago
é psicóloga clínica com
abordagem junguiana
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Fonte: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/comportamento_workaholic.htm

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